Sabe, a vida é uma “juntação” de coisas. Nascemos e juntamos os brinquedos que mais gostamos e guardamos numa gaveta, meninas guardam as melhores bonecas, meninos os seus carrinhos prediletos. Juntamos livros, discos, vídeos, downloads, conhecimentos, experiências, esperanças, desilusões, vidas, avós, pais, filhos, netos, animais, plantas, coleções, vidas, momentos e vamos guardando sempre o melhor, o que trás história, sentimentos, emoções, remetem ao início e ao contemporâneo a própria história, onde temos as raízes, fonte de ensinamentos de onde reaprender a andar, a nossa realidade e sonhos, cada coisa guardamos em um lugar apropriado.
Lembro-me muito bem, tudo é inesquecível por ser da minha própria essência, uma vez eu guardei amor. Sim, amor de verdade! Tive que guarda-lo senão eu não conseguiria nem pensar. Coloquei-o dentro do meu coração. Espantei-me quando tentava coloca-lo porque ele parecia ser maior e não cabia, mas com certa dificuldade ele entrou. Entrou e ali ficou quieto por muitos anos. Logo no começo ele se agitava, fazia como quem queria sair, mas mesmo sem ter porta ele não saiu. Com o tempo foi acalmando, se instalou por completo, com conforto, pois o espaço era só dele, mas depois de mais um tempo ele voltou a se agitar, dizia que não era justo morar num coração sem ver pelo menos o olhar, conversar que seja com a responsável por ele! Voltou a se agitar, cada vez mais agitado balançava muito e me causava desconforto e mesmo depois de conversar com ele, dizer que era uma situação impossível, ele se revoltou e saiu. Saiu feito louco atrás da responsável, e quem procura acha: encontrou e ficou ainda maior. A cada palavra, fotos, contatos ele expandia. Confesso que fiquei com medo maior do que quando a responsável me disse para eu ficar e eu não fiquei. Hoje entendo o porquê disso. Mas poder ver os olhos, então, tudo o que eu mais queria, pedia por mais uma vez ver os olhos, nos olhos enquanto o amor estava quieto dentro do meu coração, ver os olhos e quiçá beijar aquela boca que é única, o calor, a pele tenra, macia, cheirosa...ah, um festival de toques, aromas e sabores...êpa! Só porque o que eu senti com ela há muito tempo atrás e que nunca e ninguém me fez sentir eu estava entrando num novo capítulo dos meus sonhos com ela ? Pior é que eu nem sabia explicar como era, parecia coisa que é entremeada no meu corpo, na minha mente, na minha alma, sei lá, só sabia que era assim que eu conseguia explicar e que tinha sido bom, ótimo e sentia falta. Porque meu coração apertava assim? Quiéquiéisso?
Oi! Bastou um oi e o amor foi com tudo atrás da responsável, tudo o que ele queria era justamente conversar, ver, ouvir, falar, vê-la, olhar os olhos, o olhar, olhar nos olhos, dentro deles mais uma vez e viu seus olhos no primeiro momento que a reviu, depois de tantas palavras, imagens e vozes trocadas, ansiedades e medo do meu coração em não saber controlar a força que o amor tem, ainda em dúvida se era amor ou que sentimento que chegava a ser mais forte que eu, se não bastasse ver, o amor queria beijar, tocar, sentir, amar, amar como se sempre fosse um dia especial ou o último dia de vida, queria viver com ela, mas queria viver com ela dentro do meu coração. Assustei-me de novo e me perguntava se cabe no meu coração errante entre todas que eu não soube o que é amar ou com esta que eu errei não acreditando que era o verdadeiro amor? O amor puro? Tão cansado de procurar e nunca ter encontrado eu não pensava que ao invés de eu encontrar o amor seria ele que me encontraria.
Até que veio o derradeiro:
Vi seus olhos e tive certeza que não eram hipnóticos ou que me abduziram, é o portal para a parte que me falta, lindos, brilhantes, sedutores a mim, me atraindo e eu não tenho forças para lutar contra e nem quero, me sinto bem vivendo o amor, ouvi sua voz, suspiros, murmúrios, gemidos, prazeres em seus ouvidos, pescoço, boca, essa boca que admiro o que fala, a boca carnuda, deliciosa, ora sedenta, ora tímida, sempre deliciosa, beijos únicos que me enlouquecem, a pele macia, delicada que massageia as minhas mãos, sutiã sob medida, ventre lindo, savana delicada mapeada geograficamente em detalhes perfeitos, detalhes vistos, admirados, acariciados, beijados, detalhes ditos pela sua boca, ah...boca...você inteira, de frente às costas lindas em tudo, numa extremidade seus cabelos que me perco e dentro deles uma cabeça maravilhosa, na outra extremidade linda, macia, delicada, delícia de acarinhar, beijar, deitar minha cabeça, maravilhosa até as pernas com pele sedosa e pés que você usa com maestria. Por pouco. Por pouco tempo e quem sabe se mais alguma vez meu amor vai te ver, ver os seus olhos e fazer amor com você inteira, quiçá poder dizer em seu ouvido que eu te amo e nunca vou desistir de você. Sim, isso mesmo, não resta mais dúvida alguma de que te amo, de que tudo isso é amor verdadeiro, amor puro, eu diria até eu era virgem até te conhecer, pois foi a primeira vez que fiz amor em minha vida e com você todas as vezes fiz amor, que arrepia a espinha por dentro, sobe por ela um líquido gelado que passa pelo coração e dali segue em ebulição no corpo inteiro para explodir dentro de você numa fração de segundo em que eu saio do meu corpo, te tomo pelas mãos e dançamos juntos no ar, sem mais nada em volta, só minha alma e a sua e nos juntamos numa coisa só, separamos depois e voltamos aos nossos corpos e eu sei que parte de mim ficou com você e parte sua ficou comigo, todas as vezes que faço amor é assim. Que quero estar junto de você para te fazer feliz e eu ser feliz, para vivermos um no outro, para sermos a palavra mágica um para o outro, a força, confiança, companhia, eu ver o seu olhar e o seu sorriso como despertar dos meus dias e abraçar seu corpo para adormecer dentro de você.
Agora está difícil de juntar você
inteira, é muita coisa, tudo o que foi, o que é e o que eu sonho de você, para
você e com você...é muito, mas muito maior do que era quando eu não sabia que
sentimento era, quando eu achava que era amor por continuar vivo e pulsante
mesmo equidistante, é que sei agora, tenho certeza, é amor, o mais puro e
verdadeiro amor. Amor que é único, que junta paixão, carinho, respeito,
admiração, desejos e sonhos.
Novamente tentei guardar coisa
tão grande dentro de alguma coisa dentro de mim, pequena, do tamanho do meu
punho. Você acha que consegui? Mesmo tendo que guardar para poder conseguir
atinar, pensar, viver? Tenho amores natos, vindos de mim, infelizes com a vida que levam, querem morar aqui comigo, só comigo, assim como estou, tanto trabalho em clima instável, preciso ter
minha consciência plena para dar cabo das missões e o amor feliz como uma
criança, brinca, faz algazarra, me chacoalha, me faz tremer, não me deixa
concentrar para dar cabo da missão e corrigir erros, para construir uma
choupana para meu amor e eu sermos felizes um dia. De você eu não desisto, apenas
perco o controle e preciso me afastar para acalmar o coração, porque individualmente
juntos é um buraco, a mesma coisa que com você é tudo ou não dá pra ser,
sentimento verdadeiro, sabe o que eu quero dizer?
De você não desisto nunca, mas às
vezes dói tanto que preciso sair do contato, me fechar dentro de mim, longe de
tudo e de mim mesmo para buscar forças para continuar a vida, quando digo que
te amo nem eu sei ainda a intensidade, mas é mais forte do que eu e insuportável
mesmo é viver sem contato contigo, esse retiro me deu toda a certeza de tudo o
que sinto por você, do quanto te quero, desejo e necessito de você. Errei! Perdoe-me
se te preocupei, se te fiz pensar o contrário de te amar, se te fiz sofrer a minha
ausência repentina, se pensou que eu desisti (Desistir de você? Desistir de te
amar? Impossível!), aprendi que não consigo me fechar dentro de mim porque
dentro de mim habita você e não me fecho mais, doa o que doer, aprendo a me
controlar na dor, a dor mais forte que já senti, aprendo a vislumbrar apenas,
somente amar da maneira que for possível. Às vezes tenho que me afastar
para doer menos a distância, a ausência e a incerteza de que vamos ficar juntos
um dia. De que um dia aquela mulher sem rosto e com o corpo exatamente como o
seu, que eu sonhava desde meus tempos de adolescente venha a somar, dividir,
multiplicar a vida com a minha e viver em amor.
Já não tenho certeza se dá pra
guardar tudo de você, é muito grande, de mim não se desliga, nada de você se
desliga de mim, pelo contrário, a cada dia meu amor me pede mais você, nem eu me
desligo de tudo de você, aliás, não me desligo de nada de você, te imagino, te
desejo, sonho, tenho saudades de momentos que não aconteceram e desejos de
momentos que vivemos, te vejo e te ouço sempre, mas não suporto mais os mesmos
playbacks, quero vida, quero vida com você, quero você que eu possa olhar,
tocar, beijar, amar, quero você inteira, preciso de você agora!
O que eu faço então?
Ô vontade de ir te ver!!!
Respeitando o pedido de anonimato do autor,
Jady Márcia
