Paisagem urbana 1

Ah...
As paisagens urbanas...
...sempre no meu caminho...
...sempre no meu destino...
...roteiro repetido...
...caminhos alternativos me levam a outras paisagens...
...sempre paisagens urbanas...
...rota com parada...
...lugar de partida, partida, partido...
...lugar que não chega...
...distante...
...perto, onde a rota é quase diária...
...mapa na cabeça...
...mapa daqui, de lá...
...rotas alteradas...
...paisagens urbanas...
...café com dor...
...café da manhã apressado...
...parada para almoço que não há...
...na rota, uma parada para um caldinho...
...paisagens urbanas...
...partida bem cedo...
...o caminho é longo...
...a distância é longa...
...a viagem é longa...
...cansativa...
...solitária...
...mal acompanhada, talvez...
...ou paisagem...
...urbana...
...partida apressada...
...pra não saber quando passa de novo...
...na paisagem urbana...

...um café da manhã...
,,,na paisagem urbana!

Janela

Da minha janela vejo sempre as mesmas imagens através do vidro,
passei um tempo com as venezianas fechadas, não por querer,
meu pequeno ratinho preto percorre o mesmo caminho
e minhas teclas tocam a mesma música que já foi harmoniosa, hoje dissonante.
Pela janela corro meus olhos e esperança em quatro cores, às vezes raposa, mundo.

Quando a imagem na janela muda e tem algo a ver, sinto uma alegria imensa, intensa,
me dá vontade de tocar outro instrumento, meus dedos aflitos, voz de todo o grito,
vejo a imagem numa androgenia, semelhança ímpar em cores de fogo, tal calor sinto.

Quando a imagem da janela muda, por vezes correspondo, respondo à insanidade da dor,
ora loucura, ora íntimas declarações, ora exposição do meu âmago, ora amor que não vai,
por ser amor invade, não vai por ser só por si mesmo e assim segue seu curso doendo.

No outro instrumento que toco, meus dedos coçam, mas a voz se cala
por não saber que ouvido vai me ouvir, por não saber qual boca será dueto,
por não ter ideia se será coro harmonioso ou voz gutural de terror desalento.

Hoje pus meu rato negro a dançar e meus dedos a tocar uma canção que vê pela janela,
Quem sabe, nas poesias idas, reencontre o segredo que faz a roda girar para os lados,
a roda do segredo do cofre e sem querer ouço uma canção de linda voz saudosa
ou talvez em pergaminho uma mensagem dos ventos do norte que atravessam o mundo.

Quem sabe...
A janela sempre aberta, quase todos os dias, quase todas as noites...
As quatro cores, a raposa, o mundo e seus pertences...eu sempre na vigia...
Ora, quem sabe, um dia, canse disso tudo e eu possa falar da porta,

A porta que bateram, abri e vivi!

Jady Márcia, 27/03/2017

Turbilhão reverberado! Sabes o que é!

Já faz tempo que não apareço por aqui, assim como já faz tempo que não falo nada, que parece que desisti, assim como já faz tempo que sumi.
A vida às vezes parece um imenso roda moinho, um turbilhão de coisas acontecem ao mesmo tempo, chegada do que se espera chegar há tempos, reorganização da vida, perda de arquivos, perda de equipamentos, enfim, a vida parece renovar-se sempre, e sempre se renova sem aviso, e quando avisa não dá data para que comece, recomece, finde para começar de novo...
Embora tudo tenha acontecido desde a metade de 2016, numa velocidade absurdamente grande, tento me adaptar, vou acompanhando tudo isso e consigo, enfim, me estabilizar.
Não posso deixar de editar essa declaração de amor, que me parece de alguém, que com todas as dificuldades e bloqueios impostos pela vida, insiste em amar (desculpe dizer insiste, sei que a insistência nesse quesito nada mais é do que o sentimento real), e, olha que deve ter tantos percalços...




Ei, não acredite que estou fora do mundo, continuo aqui, à sua espera ou esperando que em uma das voltas que o mundo dá, possa ter um SIM da sua resposta para vivermos juntos e não um mero "Se..."!
O que não muda, o que não altera, é essa vontade de ti, é isso tudo que sinto desde que botei meus olhos nos teus, confesso, uma força muito grande me atraiu para o teu olhar um certo dia, e de lá pra cá nada é se não for contigo em minha cabeça e em meu coração, mesmo com todas as diferenças.
Já desaparecemos, já te disse não fico, já te pedi pra ficar, já ouvi de ti fica e já ouvi também que não fica, já sumi, já te procurei desesperadamente, já me feri com suas palavras, já me senti a mais feliz das pessoas com suas palavras, já me senti bem, já me senti queimando, já senti tudo o que nunca senti por ninguém, já senti tudo de tudo por ti, tudo, na mais ampla das versões humanas...tudo!!!
Você é The Top, é delicada, dança bela, sociável assiste a tudo, acho você sempre, olhar de coruja, toque felino, pedra bruta, brilhante puro não lapidado, brilho que me ofusca, pureza da alma que visualizo, tudo que meu gosto deseja, tudo o que minh'alma graceja, tudo que minha essência precisa: VOCÊ!
Aí sim, reverbera tudo, tua voz, teu olhar, tu, tudo, tudo o que há e o que ainda não existiu, e o que existiu e o que existirá. Existirá sim!!! Não há como não existir num eco que não cala! Não cala, não finda porque só teve o preâmbulo! Não percebeu ainda que o vivido só foi o preâmbulo? E de nós, nos cabe andar, evoluir, viver o que nossas essências, ora ditas como âmago, íntimo, realidade oculta  ou o que que quer que seja, dito e não dito, mas sentido, real no íntimo, nos faz atrair um ao outro, por quê? por nós? Por atos impensados de outrora? Porque sabemos que na verdade somos um pelo outro, para o outro, unos, que somos da mesma fôrma, da mesma fornalha? Que somos o que nos completa, embora um diferente do outro, embora um igual ao outro...completamos o que nos falta um ao outro!
Não queira me ferir como flechas em meu coração, pois acertas em tudo, menos na parte que te ama, em meu todo, pois sei que tentas negar-me, mas, finjo acreditar, finjo que me acertas, finjo cair em seus testes, testando-te, finjo que caio à mercê da fraqueza, mas na verdade meu coração já foi dilacerado várias vezes, e de formas reais, e aprendi a ver, a reconhecer e sentir a verdade, e digo-vos, tu me amas!!!! Não tem como negar, me enganar, dizer que me testa, capto tudo em minha antena instalada por ti. Então, se me amas, pode me fazer o que bem entender, acredito somente no momento em que és tu mesma, naquele momento em que dentro de ti ouço seu ronronar e sua voz pálida a me dizer que me ama!
Só!
Só isso acredito.
Pode me detonar como uma mina anti-aérea que voo sempre para ti, em ti, que voo a noite toda amando quem me faz falta, me faz feliz! E sabe do que mais? Sei mais dos teus sentimentos e dores do que imaginas. Quer apostar? Não que isto seja coisa de um mentecapto, mas é de quem sabe quem tu és no íntimo!!!
Nesta minha longa dissertação só quero dizer que aprendi. Aprendi a respeitar o tempo, aprendi a entender as ofensas, aprendi a interpretar as palavras amargas, que entendi que foges do que sentes em palavras de ataque, mas, minha defesa a isso vem de dentro, vem de meio século de porradas e estilhaços que já não mais me atingem, e, se me atingem tenho como me defender, e se me inserem dor, sei como sanar minhas dores e ver na real visão o que é verdadeiro., aprendi a entender o seu medo de ser feliz! Por quê não és feliz? Por quê evita a felicidade? Por quê não bates em minha porta e dizes: Vim para ficar, vim para viver em liberdade, feliz  e em amor contigo!!! Ah sim, podes lembrar de minha morada, mas podes não lembrar as coordenadas...
Aqui estou.